Solidariedade nas periferias: comunidades se unem em meio à falta de recursos e soluções do poder público
- Start Comunicação

- 21 de jun.
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Nas periferias das grandes cidades, e São Leopoldo não foge a essa regra, a solidariedade é uma prática comum que une morado res e ajuda a superar os desafios do dia a dia. Apesar das dificuldades, da falta de recursos e da ausência de uma política habitacional pública, as comunidades periféricas encontram formas de se apoiar mutuamente e criar laços que são fundamentais para a sobrevivência e o desenvolvi mento dessas áreas. E isso se manifesta das mais diferentes formas, desde a ajuda mútua em momentos de necessidade até a organização de iniciativas comunitárias para resolver problemas locais, tais como; a criação de projetos de educação, saúde e lazer, além da promoção de ações de cidadania e conscientização sobre direitos e deveres.
Ocupação justo

Um desses locais é a Ocupação Justo, localizada na zona sul de São Leopoldo, que teve sua ocupação iniciada entre os anos de 1997 e 1998 e que atual mente conta com mais de 3.000 mil famílias. Ao longo destas quase três décadas, a ocupação foi crescendo e se organizando e com o apoio da Cooperativa e da Tenda do Encontro desenvolvem diversos projetos sociais. Um exemplo é a criação de grupos de apoio a famílias mais vulneráveis que se organizam para fornecer alimentos, roupas e recursos essenciais.
“Nós temos uma cozinha comunitária que fornece em torno de 500 refei ções por noite de segunda a sexta. Além disso, na segunda e na sexta-feira, fazemos almoço que é oferecido para 120 pes soas”, detalha o líder comuni tário Fábio Simplicio que há 10 anos está à frente das ações sociais dentro da ocupação. As refeições servidas rece bem o apoio e são subsidiadas pelo Programa “São Leo Mais Comida no Prato” e pelo Pro grama “Cozinha Solidária”, iniciativa do Governo Federal que busca combater a fome e a insegurança alimentar. Simplí cio constata que esses valores não são suficientes para cobrir o custo total das refeições ofere cidas à comunidade. “O que nós recebemos de subsídio não cobre nem a metade dos gastos que temos para preparar as refeições.
O voucher garante em torno de 480 refeições por semana, mas nós servimos 2.500. No entanto, é importante lembrar que essas iniciativas não são uma solução definitiva para os problemas sociais e econômicos que afetam essas áreas. É fundamental que o poder público e a sociedade como um todo se envolvam de forma mais efetiva a fim de reduzir as desigualdades e melhorar a qualidade de vida dos moradores desses locais.
Em resumo, a solidariedade na periferia é uma força que une e transforma as comunidades, criando laços de apoio e cooperação que são fundamentais para a sobrevivência e o desenvolvi mento dessas áreas. É importante valorizar e fortalecer essas práticas solidárias, ao mesmo tempo em que se trabalha para criar soluções mais amplas e duradouras para os problemas sociais e econômicos que afetam as zonas mais periféricas da nossa cidade.
Ocupação Morada do Sol

Na comunidade Morada do Sol, que anteriormente se chamava Novo Horizonte, as mais de 400 famílias que ocupam a área há mais de 6 anos, convivem com a ausência de serviços básicos do poder público. “O único serviço que temos é a coleta de lixo, mas nada além disso. Até outubro do ano passado, éramos assistidos pelo ônibus da saúde através do “Programa Saúde Para Todos”, mas agora todas as portas estão fechadas para nós. A nossa comunidade precisa de um olhar mais cuidadoso e humano da Prefeitura para as necessidades que temos.”, relata o líder comunitário e Presidente da Associação Morada do Sol, Manoel Gilberto, o Beto.
Diante dessa realidade, os problemas que a comunidade enfrenta, como ruas em péssimo estado, falta de energia, de água e saneamento são resolvidos pelas próprias famílias que se unem através de mutirão. “Não temos a quem recorrer. Estamos abandonados, mas não iremos desistir. Tudo o que estiver ao nosso alcance para levar dignidade às famílias nós vamos fazer. Já até pedi uma reunião com o promotor para denunciar esse descaso”, comenta Beto. A Morada do Sol, até setembro do ano passado, mantinha uma cozinha comunitária, mas devido à falta de recursos foi obrigada a encerrar suas atividades. Essa situação contrasta com a da Ocupação Justo, que conseguiu manter sua cozinha comunitária em funcionamento e continua a distribuir refeições para seus moradores.
A diferença entre as duas ocupações destaca os desafios enfrentados pelas comunidades vulneráveis em manter serviços essenciais sem o apoio adequado. A falta de recursos não ape nas afetou a disponibilidade de refeições para os moradores, mas também evidencia a importân cia do apoio governamental por meio de políticas públicas e tam bém de doações para garantir a continuidade desses serviços de apoio e assistência. É fundamen tal que essas comunidades rece bam a atenção necessária para que possam continuar a oferecer uma dignidade de subsistência mínima para seus moradores. “Gostaríamos de retomar a dis tribuição de refeições, mas não estamos conseguindo apoio. O único apoio que tínhamos era dado pela Companhia Nacional de Abastecimento, mas nem isso temos mais”, lamenta o líder comunitário Manoel Roberto.
Por Alexon Gabriel - Jornalista MTB 11472/RS
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