Racismo atinge uma em cada seis crianças de até 6 anos no Brasil
- Start Comunicação

- 6 de out.
- 3 min de leitura

Uma em cada seis crianças de até 6 anos já foi vítima de racismo no Brasil
Uma pesquisa nacional divulgada nesta segunda-feira (6) revela que uma em casa seis crianças brasileiras de até 6 anos já sofreu racismo, principalmente em creches e pré-escolas. O estudo faz parte do Panorama da Primeira Infância: o impacto do racismo, encomendado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e realizado pelo Datafolha.
Sobre a pesquisa
Foram entrevistadas 2.206 pessoas, sendo 822 responsáveis por crianças de 0 a 6 anos.
As entrevistas foram presenciais, realizadas em locais de grande circulação, em abril deste ano.
16% dos responsáveis afirmaram que seus filhos ou crianças sob seus cuidados já sofreram discriminação racial.
O índice é ainda maior entre responsáveis de pele preta ou parda (19%) e menor entre responsáveis de pele branca (10%).
Racismo por faixa etária
10% dos cuidadores de crianças de até 3 anos relataram casos de racismo.
O número sobe para 21% entre os responsáveis por crianças de 4 a 6 anos.
Onde ocorrem os casos de racismo
Creches e pré-escolas – 54% dos casos relatados
61% ocorreram na pré-escola
38% nas creches
Espaços públicos (rua, praça, parquinho) – 42%
Vizinhança ou comunidade – 20%
Dentro da família – 16%
Espaços privados (shoppings, comércios, clubes) – 14%
Serviços de saúde ou assistência social – 6%
Igrejas, templos ou espaços religiosos – 3%
Racismo estrutural e papel da escola
Para Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a escola deve ser um espaço de proteção, não de violência:
“É crítico combater o racismo desde o berço, desde a gestação. Na primeira infância, esse combate é ainda mais urgente, pois é o período mais importante para o desenvolvimento humano.”
Ela destaca que é necessário que as escolas adotem protocolos claros para lidar com situações de racismo, além de formar todos os profissionais da educação para atuar com responsabilidade e conhecimento.
“Desde professores e diretores até os auxiliares precisam estar preparados. A atuação também precisa vir da gestão pública, das secretarias municipais, estaduais e do Ministério da Educação.”
Percepções sobre o racismo na infância
Quando perguntados sobre como percebem o racismo sofrido por crianças pequenas:
63% acreditam que crianças pretas e pardas são tratadas de forma diferente por causa da cor da pele, cabelo ou características físicas.
22% admitem a existência do racismo, mas acham que ele é raro entre crianças.
10% acreditam que o Brasil não é uma sociedade racista.
5% disseram não ter opinião formada sobre o tema.
Efeitos do racismo no desenvolvimento infantil
O estudo alerta que o racismo na infância está entre as chamadas experiências adversas, que podem causar estresse tóxico e comprometer:
a saúde física,
o bem-estar emocional
e o desenvolvimento integral da criança.
Segundo os pesquisadores, a educação infantil é o principal espaço de prevenção e enfrentamento ao racismo, e precisa de profissionais capacitados e materiais adequados para trabalhar a diversidade e a valorização das identidades étnico-raciais.
“É dever de toda a sociedade combater o racismo e promover uma educação antirracista desde cedo, como determina a Lei nº 10.639/2003.”
O que diz a Lei
A Lei nº 10.639/2003 exige que a história e cultura afro-brasileira sejam ensinadas em todas as etapas da educação, inclusive na educação infantil.
No entanto, uma pesquisa divulgada em 2023 mostra que 7 em cada 10 secretarias municipais de Educação não realizaram ações efetivas para implementar essa lei.
Mariana Luz reforça:
“Educar contra o racismo desde a primeira infância é fundamental. Isso protege as crianças negras e indígenas, e também ensina as crianças brancas a respeitarem a diversidade desde cedo.”
Da redação da Start Comunicação: www.startcomunicacaosl.com.br
Fonte: Agência Brasil
































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